Descarga poluente no Almonda é grave mas “nomal”

 
Os vídeos que o cidadão João Gomes publicou no Facebook com o nome “catástrofe no rio Almonda”, no dia 11 de dezembro, já tinham quatro dias depois, mais de 700 partilhas. A partir deste número é fácil inferir que vários milhares de pessoas, principalmente dos concelhos atravessados pelo Almonda, Torres Novas e Golegã viram o acto explicito de poluição do rio.

A cena passou-se junto da ponte pedonal que liga o estacionamento de mercado ao Canto do Matadouro, onde um camião com equipamento de aspiração de fossas efectou uma descarga diretamente para o rio Almonda.

A polémica foi imensa, começando na forma de comentários inflamados e denúncias na rede social, chegando a queixas formais junto da polícia e das autarquias, a intervenção dos vereadores torrejanos na reunião de Câmara e do presidente junto do conselho de administração da empresa Águas do Ribatejo.

Depois de toda a celeuma, afinal de contas, a empresa Águas do Ribatejo esclareceu que contratou a empresa Natureza Verde, Gestão de Resíduos para fazer uma operação recorrente de despejo de esgostos no rio, com a devida informação à entidades competentes: a Agência Portuguesa do Ambiente, o SEPNA da GNR e a Câmara Municipal de Torres Novas. Mais uma vez o débil sistema de saneamento do concelho de Torre Novas teve graves consequências no rio. Com a diferença de que desta vez foi testemunhado pela população que imediatamente se indignou.

“A estação elevatória (EE) de esgotos do Matadouro (…) encontra-se em funcionamento precário devido ao elevado estado de degradação”, comunicou a empresa intermunicipal, que realçou a necessidade de realizar limpezas frequentes do interior do poço de bombagem obriga à necessidade de deixar em by-pass aquela EE, com a consequente drenagem para o meio ambiente.

O que aconteceu no dia 11 foi afinal um operalão recorrente de poluição do rio, aparentemente sem irregularidades, uma vez que não existe outra alternativa. A solução é a construção de uma noa estação elevatória para substituir a existente, empreitada que a AR já adjudicou no valor de 450 mil euros e que tinha data prevista de arranque este mês.

Nem a Câmara nem a AR informaram há quanto tempo esta situação, ou possivelmente outras noutros locais em que as EE não funcionam em condições sucede. A AR tem no seu plano de investimento para o concelho a remodelação de seis EE e construção de mais quatro.

Na Golegã, o antigo vereador do PSD Carlos Simões fez chegar ao presidente da Câmara uma carta em que é exigido um proteste junto da Câmara de Torrres Novas classificando de “grave e ultrajante que o rio Almonda continue a ser tratado desta forma pelo município vizinho e que o nosso concelho e em particular a freguesia da Azinhaga, continuem a ser penalizados por estes atos criminosos, agora praticados à claras, porque o passado parece fornecer ao infratores a ideia de impunidade”.

Também em Torres Novas, os vereadores da oposição (CDU, BE, e PSD) pediram ao presidente da Câmara, que é vogal do conselho de administração da AR, que o executivo agisse em bloco numa expressão de repúdio junto da AR, algo que Pedro Ferreira acabou por ceder.

Henrique Reis aproveitou a deixa para voltar a criticar a adesão o município à AR, perguntando ao presidente pelos 30 milhões se euros em obras prometidos. Helena Pinto considerou o caso criminoso e disse que “se a Câmara não se demarca claramente, de forma pública, destas práticas, estamos e incentivar outros infratores” a fazerem o mesmo.

Pedro Fernandes garantiu já ter levado o caso à administração da AR, e considerou que a descarga foi considerada “má mas normal”, e que a adesão à AR teve até agora “mais coisas boas do que más”.
 IN - Jornal O Riachense

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