Rio Almonda Seco na Azinhaga


Rio Almonda encontra-se seco na Azinhaga. 
"Familias inteiras dependeram deste rio...mulheres de cabazes na cabeça, vendiam o maravilhoso peixe que pescavam neste rio... As várias industrias começaram por envenená-lo... e deixaram-no morrer lentamente de forma agonizante... Esta é a desoladora imagem do meu rio (ou do sitio onde existiu um rio)... Almonda...Onde aprendi a nadar, onde a minha avó lavava roupa, onde pesquei pela primeira vez...Agora, nada mais é que um triste leito de morte para os ultimos barcos, que apodrecem na podre vontade humana de deixar morrer um rio." 
Comentário de Carlos M. Cunha no Facebook perante as imagens do Rio Almonda seco na Azinhaga.

Rio Almonda no Programa Biosfera RTP2 2009


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Fotografia Diogo Narciso

Comentários

  1. Torres Novas, enquanto Concelho, nunca foi bom para o Rio Almonda. Tão longe no tempo quanto me é possível apurar, o Rio Almonda foi usado e abusado pelas pelas actividades empresariais aí sediadas... Vejamos:

    1783- É concedida, por alvará régio, a licença para instalar a Fábrica das Chitas em Torres Novas. Esta fábrica, fundada por Henry Meuron e David Suabe, insere-se na primeira fase de industrialização de Torres Novas.

    1792 – Primeiro protesto público (em sessão camarária) dos moradores de Torres Novas contra a poluição do rio Almonda.

    1818 – Fundação da Fábrica do Papel do Almonda.

    1820 – A população da vila demonstrou-se desagradada contra a conservação da fábrica de curtumes no local onde era a das chitas, devido a vários inconvenientes decorrentes dos despejos para o rio.

    1845 - Fundação da Fábrica Grande, Fábrica da Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas.

    1855 - Epidemia de cólera-morbo

    1857 – Epidemia de febre-amarela assola o concelho.

    1939 - Constituição da Fábrica de Papel do Almonda, Lda, com sede em Moinho da Fonte.

    1941 - A Câmara Municipal de Torres Novas solicitou à Estação Aquícola de Rio Ave o envio de carpas para repovoar o rio Almonda. A resposta foi negativa, por se considerar escusadas tais tentativas devido à poluição da água do rio.

    1944 - Recebeu a câmara um ofício da Estação Aquícola do Rio Ave onde se considera «absolutamente contra-indicado o lançamento de quaisquer peixes no rio Almond, dado o estado de insalubridade das águas.»

    1947 - Concessão do aproveitamento do rio Almonda à Fábrica de Papel do Almonda. Em Novembro – Febres tifóides grassaram na região durante este mês. O rio corria imundo, a fonte de santo António deitava água suja e nas valetas junto dos lagares pairava um cheiro nauseabundo. Na realidade, apesar de estar já instalada a rede de saneamento, por exemplo no rossio de São Sebastião, muito proprietários não quiseram ligar ao colector os seus esgotos domésticos e continuaram a despejá-los em lugares públicos...

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  2. ...

    1949 - Em meados do ano as águas do rio Almonda apresentavam-se negras e nauseabundas, pelo que a câmara solicitou à Direcção Hidráulica do Tejo que fossem tomadas as devidas providências. Foi solicitado pela câmara às várias indústrias ribeirinhas, ao delegado de saúde e à Hidráulica do Tejo que fizessem a depuração dos efluentes.

    1950 - Repovoamento do rio Almonda – a câmara solicitou à estação Aquícola do Rio Ave o fornecimento de mais alguns milhares de carpas, uma vez que as anteriormente lançadas no rio se têm desenvolvido muito bem, havendo já exemplares com cerca de 2kg. A estação propõe-se fazer o fornecimento gratuito, com a Câmara a suportar apenas as despesas de transporte. A 15 de Agosto haviam chegado 4000 carpas, o que levou à intervenção da Direcção Externa do Tejo, por estar previsto que o repovoamento se fizesse com 7000.

    1951 Outubro - O despejo de esgotos industriais, sem qualquer cuidado, polui as águas do rio Almonda e provoca uma elevada taxa de mortandade de peixe. (!!!!!!)

    1952 - A Câmara Municipal aprova uma proposta que tem como objectivo pôr fim à falta de higiene e salubridade da vila, que grassa devido à criação de gado no centro urbano.

    1959 - A Câmara Municipal, tendo conhecimento da mortandade de peixes na região de Lapas, mandou proceder a um rigoroso inquérito para avaliar as causas de tal facto e utilizar as medidas aconselháveis no caso.

    1974 Novembro - A poluição do Rio Almonda é transformada em questão nacional, devendo-se a isso a deslocação a Torres Novas de uma delegação da subsecretaria de Estado do Ambiente.

    1975 - É entregue na Câmara o ante-projecto do estudo para o saneamento das Ribeiras, Lapas, Torres Novas e Riachos, com vista a resolver o problema da poluição no Rio Almonda.

    1977 Julho - Visita do secretário de Estado dos Recursos Hídricos e Saneamento Básico, Coronel Baltazar Morais Barroco, e do secretário de Estado do Ambiente, Manuel Gomes Guerreiro, com vista a inteirarem-se da situação da poluição no rio Almonda. Durante a visita ficou a certeza de que seria preciso encontrar, a curto prazo, uma solução para a despoluição do rio.

    1978 17 de Setembro - Realiza-se, junto ao rio Almonda, uma marcha em silêncio em sinal de protesto à poluição do rio. A população torrejana aderiu em massa à manifestação, que foi organizada pelo jornal “O Almonda”.

    1981 17 de Outubro - A população em geral, em parceria com várias instituições e órgãos políticos, organizaram uma acção conjunta contra a poluição do rio Almonda e a crescente mortandade de peixes, devido às descargas poluentes feitas por algumas empresas da região. A iniciativa partiu das junta e assembleia de freguesia de Ribeira Branca.

    1989 17 de Novembro - É assinado um contrato-programa que visa resolver a questão da poluição do rio Almonda. O contrato é assinado, nos Paços do Concelho, em Torres Novas, pelo secretário de Estado do Ambiente e Recursos Naturais, eng.º Macário Correia.

    1999 24 de Setembro - Centenas de peixes aparecem mortos nas águas do Rio Almonda, desde a Ponte das Lapas até à zona dos Pimentéis.

    2004 8 de Julho - Companhia Nacional de Fiação de Torres Novas faz descarga poluente no rio Almonda, rio tingido de vermelho. No início de Junho o Almonda sofreu outro atentado ambiental, desconhecendo-se a origem da descarga. Nessa altura, o rio apresentava uma coloração castanha e as águas estavam opacas e sujas. Segundo Álvaro Maia, técnico do ambiente da Câmara Municipal de Torres Novas, vários factores incluindo as chuvas contribuíram para o facto, mas como é vulgar acontecer alguém aproveitou para fazer descargas.

    ... e por aí fora, até hoje. Em Torres Novas reside o problema do Rio Almonda e só aí poderá ser encontrada a solução.

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