Fraca adesão popular na limpeza das lagoas


Movimento não desiste e vai continuar...
Aos poucos, os jacintos vão sendo irradiados das lagoas da Azinhaga na sequência do movimento SOS alvercas criado por Dinis Nunes e Rui Maltez nas redes sociais. Desde 16 de Julho que já foram retiradas centenas de toneladas deste infestante com o apoio de populares e da logística da Câmara da Golegã e da junta de freguesia da Azinhaga.
No passado sábado, fomos ver o andamento dos trabalhos. Para já, Dinis Nunes faz um balanço positivo, considerando que já se consegue ver mais água do que jacintos. “Mais dois sábados e a alverca fica limpa, apesar de termos que desbravar acessos nas marachas para a máquina retirar os jacintos”, conta.
A seguir, irá limpar-se a lagoa adjacente, mais a sul, onde no passado sábado, já andaram algumas pessoas a título individual. Depois, a terceira lagoa será um objectivo mais doloroso, dada a sua extensão. No futuro, a manutenção das lagoas ficará a cargo da Associação de Caça e Pesca da Azinhaga para evitar novas pragas.

Os jacintos são compostos por 95% de água e não têm grande utilidade. Podem-se enterrar, queimar ou espalhar em terras longe de cursos de água, ainda não estando definido o destino. 
Quanto a adesão das pessoas, entre a 10 a 20 por sábado, Dinis Nunes mostrou-se algo desiludido: “Percebo que demonstrem sempre vontade de participar, sobretudo nas redes sociais, mas depois não aparecem. Se todos viessem, calhava um jacinto a cada um. Somos poucos mas bons”, assegura, salientando que as pessoas deveriam ter mais consciência acerca dos problemas ambientais. Vítor Guia, presidente da Junta da Azinhaga, que tem apoiado nos combustíveis, também tem acompanhado os trabalhos, louvando o empenho dos voluntários. “Mesmo o operador da máquina trabalha graciosamente”, disse, lamentando igualmente a fraca adesão da população: “Esperava mais gente, numa freguesia que tem 1900 habitantes”. 
João Dinis Santos, presidente da assembleia de freguesia da Azinhaga, não é um dos azinhaguenses que fica em casa: “Vim todos os dias e o esforço compensa, pois já vê peixe na parte limpa. Estou aqui, sobretudo na qualidade de cidadão porque é um dever todos ajudarem”. 
Dinis Nunes andava no leito da lagoa, com água pelo peito, separando molhos de jacintos com um gancho, que depois eram puxados pelas pessoas com uma corda a partir da margem. A seguir, uma máquina retroescavadora retirava a infestante para a margem. Um esforço quase hercúleo de apenas dez pessoas. No final de cada jornada, Dinis Nunes sente-se cansado, “mas com o dever cumprido. Viemos embora sempre mais alegres do que quando chegamos porque vimos mais água. É gratificante”.
Sobre incapacidade das autoridades competentes em resolver o problema, Dinis Nunes diz que com o elevado número de problemas que o país enfrenta, os meios são cada vez menos. No entanto, aponta soluções: “Há muitas pessoas a receberem subsídios do Estado que poderiam ser recrutadas para estes serviços e até para o desassoreamento do rio Almonda. Até os equipamentos militares, que estão parados, davam para esses trabalhos”. 
Para o próximo sábado está marcada nova acção de limpeza. N.M.

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