Desastre de Azinhaga

A vinte e quatro de Abril
Um grande desastre se deu
Foi na Torre da Azinhaga
Que um aparelho bateu

Foi na aviação da Ota
Num aparelho de Tancos
Que subiu Fernando Gomes
E José Miranda de Campos

Oh! Maldita foi a hora
Que pensaram em voar
Deram-lhe trinta minutos
Para a morte vir buscar

Andou na Quinta dos Alamos
No aparelho baixinho
Deitou saudades ao pai
E também ao seu padrinho

Ao pé da Quinta da Brôa
O aparelho baixaram
A pegar com as raparigas
Perto d´elas acabaram

Ele vinha tão baixinho
Que até fazia impressão
A dizer adeus ao povo
Dentro da povoação

Já vinha perto do perigo
Ainda foi para levantar
Bateram rapidamente
Não se puderam salvar

Que choque tão violento
Até as colunas quebrou
A bandeira e a cruz
Tudo espalhado ficou

O aparelho espalhado
Até metia pavor
Bocados para cada lado
Na azinhaga foi um horror

Eram quatro menos dez
Quando na Torre bateu
Por causa do casamento
É que o desastre se deu

A prima escreveu ao Fernando
Uma carta para o convidar
Só se lá for de aparelho
Não te posso acompanhar

Foi um desastre horroroso
Só pode dizer quem viu
Distante da Torre a cem metros
O aparelho caiu

Maria Eliza de Sousa
Um grande susto apanhou
Ia o aparelho a arder
O cabelo lhe crestou

Foi um povo levantado
Só se ouviam ais e gritos
Em vêr ir em chamas
Dois corações aflitos

Todo o povo correu
Para o aparelho apagar
Deitaram agua e terra
Não os pudera salvar

José Miranda e Fernando
Onde vieram passear
Vinham com tanta alegria
Para tanta tristeza dar

Para a família dos rapazes
Foi um desgosto profundo
A vinte e quatro de Abril
A darem a despedida ao mundo

A autora destes versos foi Generosa de Jesus (analfabeta)
Azinhaga, 2 de Maio de 1940

Estes versos descrevem o acidente de viação resultante de um choque com a torre da Igreja Matriz de Azinhaga a 24 de Abril de 1940.

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